Projeto Gestar II



PREFEITURA DE TAUÁ
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR   GESTAR II
E.E.I.F. Joaquim Pimenta
GÊNEROS TEXTUAIS: PERSPECTIVAS PARA A FORMAÇÃO DE ESCRITORES PROFICIENTES
ALEX PEREIRA SALES
PAULO ROSSY NORONHA DE OLIVEIRA
Tauá-CE
Junho/2012
PROBLEMÁTICA
            Diante das atuais exigências, competências e habilidades de escrita que são requeridas ao aluno da educação básica, surge uma inquietação, tanto por parte dos professores, no tocante como ensinar o educando a escrever um bom texto; quanto do aluno, na ânsia e dificuldade em se redigir um texto aceitável às expectativas em voga. Nesse sentido, as perspectivas que orientaram o trabalho de elaboração textual na escola ao longo do século XX, trazem ilustrações contundentes do trato inexpressivo e descontextualizado oferecido às práticas de produção de texto.
            De acordo com Beth Marcuschi, em seu artigo, “Escrevendo na escola para a vida”, na coleção Explorando o Ensino (2010), a mesma relata que do início do século XX até o final dos anos 1980, as aulas direcionadas para o ensino da Língua Portuguesa primava pela observação das questões voltadas para a escrita correta, na atenção voltada às regras da gramática normativa e da ortografia. (p.66).  Os alunos liam textos literários clássicos da literatura infanto-juvenil e os textos escritos pelo próprio autor do livro didático. Isso era suficiente para os educandos agruparem palavras e frases e, posteriormente, chegar à elaboração textual.
            Partindo desse pressuposto, a escrita de textos, ou seja, a produção textual era trabalhada nas escolas de modo estático, como um código rígido, claro e lógico com vistas a uma comunicação sem ruídos entre um emissor e um interlocutor. Esse padrão de rigidez dos textos corroborou uma prática negativa nas aulas de produção textual: o aluno escreve para atender às exigências do professor, o que confere à escrita uma concepção mecânica e esvaziada de sentido.
            Em contrapartida às deficiências de tratamento com o ensino da escrita de textos nos anos 1980, nos últimos quinze anos, pode-se relatar que ocorreram  mudanças significativas neste tratamento. Na segunda metade dos anos 1990, o estudo dos gêneros textuais assumiu um espaço expressivo na realidade da sala de aula. Autores como Bakhtin (1992) e Marcuschi (2008) dentre outros, passaram a destacar a importância dos gêneros textuais como algo intrinsecamente ligado às práticas sociais.
Diante do exposto e da evolução teórica compreendida para a expansão do ensino pautado a partir dos gêneros textuais, como a escola Joaquim Pimenta, localizada na cidade de Tauá, pode atuar para oferecer aos alunos uma escrita como prática social efetiva? Como formar alunos proficientes que saibam dimensionar e operar com as condições de produção e circulação de textos? Como os gêneros textuais contribuem para esta formação? Refletindo na contramão: Por que os alunos não são escritores proficientes? Como estão sendo mediadas as aulas de produção textual na escola? Como os gêneros textuais estão sendo trabalhados? Em que perspectiva?
            Para tanto, o tema em destaque é de suma relevância para professores de Língua Portuguesa que lecionam nos anos finais, uma vez que, as exigências e as atuais demandas de habilidades e competências a serem desenvolvidas no aluno mediados pela intervenção do professor, reza a capacidade que os educandos leiam, interpretem e reinterpretem a sua realidade. O trabalho com textos significativos e que circulam socialmente contribuem para o aprimoramento de tais capacidades. 

JUSTIFICATIVA
Já há muito que o texto é o fundamento do ensino de Língua Portuguesa, seja ele como material destinado à leitura ou como algo que o aluno tenha que produzir. Apesar dos revezes de pressupostos teóricos e conceituais que envolvem o texto no decorrer do século XX, hoje é imprescindível que o aluno escreva de maneira contextualizada levando em consideração para quem, o quê, como e porquê escreve de uma forma em dada situação e de outra forma em outras situações. Isso revela um conhecimento do que seja um gênero textual e sua competência sociocomunicativa.
É necessário que as aulas de produção de texto rompam com os muros da sala de aula, uma vez que, ainda é possível constatar aulas desvinculadas de sentido e que não levam o alunado a uma reflexão das nuances que envolvem a simples escrita, por exemplo, do gênero textual “carta”. É papel do professor não só mostrar os elementos formais de escrita de uma carta, mas mostrar e indicar caminhos em que situações do dia a dia pode-se escrever uma carta, com qual nível de linguagem, levando em consideração um diálogo entre o locutor e interlocutor.
Ao analisar os resultados de uma avaliação anual que acontece no município de Tauá nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, pode-se constatar exatamente uma variável relevante e passível de um estudo aprofundado. Nos resultados da referida prova, na disciplina de Língua Portuguesa, na escola Joaquim Pimenta, nas turmas do 6º ao  8º ano, verificou-se que os alunos reconhecem o gênero textual a partir de suas características formais e estruturais, mas em contrapartida, não reconhecem a finalidade, o propósito comunicativo de determinados gêneros textuais.
Dessa constatação, surgem as seguintes indagações: Como estão sendo mediadas as aulas de produção de texto na escola? Em que perspectivas os gêneros textuais estão sendo tratados na mediação com os alunos? Refletindo na contra mão, como o professor pode atuar para favorecer aos alunos uma escrita como prática social efetiva? Pois, se não reconhecem o propósito comunicativo de um texto, também não escrevem com um propósito definido. Assim, como formar alunos com escrita proficiente e que saibam dimensionar com as condições de produção e circulação de textos? Como os gêneros textuais contribuem para isso?
O tema em questão é circuncidado por inúmeras indagações, contudo, é relevante à reflexão de professores e estudiosos da área de língua portuguesa, pois possibilita o caminho de acção-reflexão-nova ação no momento de trabalhar o texto na sala de aula. Este trabalho se justifica pela motivação pessoal no trabalho em sala de aula com gêneros textuais e na importância social de se formar alunos críticos e escritores de sua realidade.
 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
            “Os gêneros textuais invadiram a escola – e isso é bom.” (Nova Escola, n. 224, Ago, 2009). A partir citação da revista Nova Escola sobre a questão dos gêneros textuais e sua “invasão” na escola, é possível, ainda que sucintamente, entender o porquê histórico dessa frase e sua implicação no atual contexto educacional.
            Conforme Moço (2009), as aulas de língua portuguesa durante a maior parte do século passado direcionava-se em classificar a língua e memorizar intermináveis definições (p.49) como o que é um adjetivo, um sujeito etc. Quando os educando eram orientados a redigir textos, o faziam de maneira descontextualizada e sem função. É como revela Razzini (2000) ao analisar a escritura em sala de aula em  meados do século XX:
Com o objetivo de ensinar a escrever através da apreciação de modelos escolhidos pelo professor (...) os exercícios de composição iam dos mais elementares, do primeiro ano (reprodução e imitação de pequenos trechos); passando pelas “breves descrições, narrações e cartas” do segundo ao quarto ano; da “redação livre” do quinto ano, e culminando com a “composição de palavra própria” e discursos de improviso no sexto ano. (p.76)
           
            Como se pode observar, a produção textual, em meados do século XX, era um fim em si mesmo, não ultrapassava os muros da sala de aula, servia apenas para prestar conta às exigências do professor ou do plano de curso, sem levar em consideração a função do referido texto, em qual contexto ele era escrito, para quem e por quê.
            Depreende-se desse pressuposto, que ainda hoje, é possível constatar práticas docentes que contemplam essa não-observação em orientar aos alunos  no momento das produções de texto, a competência sociocomunicativa que cada gênero textual obtêm.
            Continuando o percurso histórico, nos anos de 1960 e 1970, a escola passou a ensinar a escrita a partir da ótica e da profusão de textos que  transmitissem a eficiência da comunicação e da cultura brasileira, uma vez que o contexto político vigente prometia um avanço industrial e econômico do país e isso exigia a capacidade de se comunicar de modo claro e fluente nas diversas instâncias da sociedade, ainda que essa comunicação devesse ficar restrita à instâncias da sociedade, ainda que essa comunicação devesse ficar restrita à ideologia permitida. (Marcuschi, 2010).
            Na década de 1980, estudos já apontavam para a importância de se trabalhar a escrita de modo mais contextualizado, entretanto, a análise nos aspectos formais dos textos ainda eram priorizados. Procurando mostrar que a aprendizagem de generos perpassa a análise de aspectos formais,  Miller (2009 apud Marcuschi, 2010), enfatiza:
Quando aprendemos um gênero, não aprendemos apenas um padrão de formas ou mesmo um método para atingir nossos próprios fins (...) aprendemos     que podemos elogiar, apresentar desculpas, interagir, expressar desejos, contar histórias, construir e socializar conhecimentos, influenciar pessoas, criticar, fazer um pedido, julgar um procedimento, recomendar alguém, dar instruções, mentir, ironizar (...) (pp.77-78)
De acordo com a autora, os gêneros textuais possibilitam o entendimento das situações cotidianas em que as pessoas se encontram.
Com o advento dos anos 1990, o estudo com gêneros textuais ganham maior expressividade na sala de aula. A princípio predominou o interesse pela nomeação e classificação dos gêneros textuais, ou seja, a caracterização de seus aspectos formais era prioridade nos livros didáticos, mas o caráter sociointeracionista de se trabalhar textos e sua escritura  vislumbravam horizontes mais promissores.
Hoje, de maneira mais contundente, a nomenclatura “gêneros textuais”, é amplamente discutida e redimensionada seu conceito e aplicabilidade no contexto escolar.
            Ampliando o conceito de gêneros textuais, Luis Antonio Marcuschi (2003), acrescenta texto, discurso, domínio discursivo, evento discursivo e suporte textual, pois são mais precisas.
Para texto, ele diz que “trata-se de um evento comunicativo em que os aspectos lingüísticos, sociais e cognitivos estão envolvidos de maneira central e integral.” O autor ainda afirma que “o discurso diz respeito à própria materialização do texto e é o texto em seu funcionamento sócio-histórico.” O domínio discursivo é uma esfera de atividade e indica instâncias discursivas como discurso jurídico, jornalístico etc.” Tipo textual (...) é uma noção que designa muito mais modalidades discursivas ou então sequências textuais do que um texto em sua materialidade.( p.3)
           
            A partir de tais definições, o autor conceitua gênero textual como sendo ‘’textos que encontramos em nossa vida diária com padrões sócio-comunicativos característicos; são formas textuais escritas ou orais bastante estáveis, histórica e socialmente situadas.’’ (p.4)
            Os gêneros textuais, portanto, precisam ser comunicados e essa comunicação só é efetivada se houver um lugar onde se possa vê-lo. A partir dessa compreensão, aliado a um entendimento mais preciso de gêneros, estabelece-se a noção de suporte textual. Conforme Marcuschi (2003), o suporte de um gênero nada mais é que um local físico e virtual com formato específico e que serve para basear ou fixar o gênero materializado como texto. (p.7)
            O que se pode inferir é que a noção de gêneros textuais vai além de questões que envolvem pura e simplesmente sua estrutura, mas perpassa a noção de que se fala,  para quem se fala, como se fala, em que situação e por que se fala. Assim, a escola por sua vez, tem a função de formar um aluno escritor que escreva sua realidade, compreenda e participe de modo ativo e crítico na saciedade. Por essa razão, no ensino da elaboração textual deve ser propostas situações em que os alunos ajam a partir de uma prática social. Não se concebe que a produção de texto seja algo desvinculado de uma situação comunicativa.
            Segundo Antunes (2003), somente a perspectiva de se trabalhar com  gêneros textuais possibilita o acesso do alunado a uma escrita verdadeiramente autônoma e funcional. A autora sugere que o trabalho com a escrita deve prescindir de produções de autoria dos alunos, realizar-se com o fim de, por ela, estabelecerem vínculos comunicativos; uma escrita de textos que tem leitores e de gêneros diversos.
            Em suma, à guisa da invasão dos gêneros textuais na escola destacado pela Revista Nova Escola, conforme já relatado, infere-se que a formação de leitores e escritores proficientes no âmbito escolar perpassa exatamente pelas definições e funcionalidades que os gêneros textuais estabelecem.
            Desmistificando e abandonando as intermináveis classificações da gramática normativa em sala de aula, tão presentes ainda no atual contexto das salas de aula, o ensino a partir dos gêneros, além de estabelecer uma competência sociocomunicativa respaldada na cultura e contexto de vivência do aluno, possibilita, convencionalmente, o refletir sobre as regras gramaticais. O que não deve ser extinto, mas trabalhado a partir do uso do falante. Os aspectos lingüísticos a serem trabalhados em qualquer gênero textual confirmam essa possibilidade de aliar uma gramática mais contextualizada.
            Não se pretende esgotar o tema em questão, mas contribuir e dar continuidade a pensamentos e estudos já existentes sobre ele.
           
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL: Refletir sobre os conceito e funcionalidade dos gêneros textuais numa perspectiva de formar alunos escritores proficientes.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
·         Compreender a atuação dos gêneros textuais nas aulas de produção textual na EEIF Joaquim Pimenta;
·         Formar alunos com escrita proficiente e que saibam dimensionar com as condições de produção e circulação de textos na sociedade; e
·         Levar os alunos à produção de textos que contemplem as práticas de comunicação pessoal e social.
 METODOLOGIA
            A metodologia para a aplicabilidade do projeto dar-se-á de maneira integrada e no direcionamento de atividades em grupo que visem ao trabalho com os gêneros textuais estudados no decorrer do ano, culminando com produções dos próprios alunos.
            Sendo assim, foram pensadas duas atividades direcionadas aos alunos do 8º ano de 2011 e 2012.
Nas turmas do 8º ano de 2011 trabalhou-se a confecção de revistas (atividade advinda do capítulo ¨6 do livro didático) envolvendo gêneros textuais como poemas, ficção científica, piadas, horóscopo, reportagem, notícia, entrevista, artigo de opinião, anúncios etc. O principal objetivo dessa atividade era diferenciar notícia de reportagem e reorganizar os gêneros trabalhados durante ano letivo de 2011. Essa atividade deu-se no mês de novembro do ano passado. Os alunos foram divididos em equipes e distribuídos funções com os integrantes da equipe tais como: repórteres, redatores, editores, revisores, diagramadores.
Nas turmas de 8º ano de 2012, após ser estudado exaustivamente o gênero textual Ficção Científica, proposto no capítulo 5 do livro didático, foi orientado que os alunos escrevessem um conto de ficção científica e a partir de tal conto confeccionasse uma maquete. Num momento posterior, os contos e as maquetes seriam apresentadas à comunidade escolar numa Feira de Ficção Científica.
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
Atividades
Meses
Set/
2011
Out/
2011
Nov/ 2011
Dez/ 2011
Fev/
2012
Mar/ 2012
Abr/ 2012
Mai/
2012
Jun/
2012
Oficinas do Gestar II na escola
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Elaboração do Projeto
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Orientação das atividades: Revistas e Feira de Ficção Científica
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Socialização dos Projetos na Escola
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Apresentação do projeto
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